
SDG 10
Cada ruga é um caminho percorrido. Cada fio branco, um dia vivido. O tempo não apenas passa por nós, ele nos molda, nos
inscreve na matéria como um artista paciente que nunca abandona sua obra.
O rosto marcado nesta imagem não é apenas um retrato de envelhecimento, mas um testemunho da presença do tempo sobre a
carne, um mapa de memórias silenciosas. Ao redor, as manchas abstratas parecem pulsar como vestígios de tudo o que já
tocou essa existência: fragmentos do passado, lembranças dispersas, os restos de uma juventude que não desapareceu,
apenas se transformou.
Não há tristeza no desgaste, apenas um outro tipo de beleza. A que vem da resistência, da aceitação de que ser tomado
pelo tempo é o destino de tudo o que vive. O fundo nebuloso e fluido reforça essa ideia. O mundo segue, as cores se
espalham, mas aquilo que foi vivido permanece impresso no rosto, no olhar, na alma.
Olhar para essa imagem é, de certa forma, olhar para o futuro de cada um de nós. Porque o tempo não nos destrói, ele nos
desenha.