
SDG 01
Nesta obra, a fusão entre o corpo e a explosão de cores parece traduzir um momento de ruptura e reconstrução. O rosto
emerge da matéria pictórica como se estivesse em um processo de formação, um renascimento contínuo que se dá na tensão
entre o caos e a identidade. O vermelho incandescente se entrelaça ao azul e ao amarelo, simbolizando a ardência da
existência, a frieza da introspecção e a luz da consciência.
A imagem sugere que o empoderamento é um ato de dissolução e reconstrução: só ao se permitir fragmentar, misturar e
transbordar é possível enxergar novas camadas do próprio ser. O olhar intenso da figura feminina não busca apenas o
espectador, mas o mundo que a cerca, como se a percepção do outro fosse um reflexo inevitável da percepção de si.
Neste diálogo entre forma e abstração, cor e expressão, a obra questiona: como podemos compreender o mundo sem primeiro
atravessar a experiência de nos desvendarmos? A arte, aqui, não apenas ilustra esse processo, mas o encarna, fazendo da
imagem um testemunho visual da incessante jornada do ser para se tornar.