Em Rainhas da Guerra, mergulhamos profundamente na atmosfera vibrante e brutal da era medieval, recriando com autenticidade as práticas, os costumes e os valores de um dos períodos mais intensos da história: a Idade Média.
A trama acompanha as guerreiras Gwyneth e Gwenora, que desafiam os papéis tradicionais impostos às mulheres, em uma jornada marcada por fé, espada e tradição.
No texto de hoje, destacamos quatro tradições medievais que estão fortemente presentes na narrativa — elementos que ajudam a compor o pano de fundo realista da obra e que nos conectam diretamente à cultura daquele tempo.
1 – Educação monástica e transmissão oral de saberes
Na Idade Média, a figura do monge ou abade era essencial para a formação intelectual e moral da nobreza.
Em Rainhas da Guerra, Nennius representa essa tradição. O abade orienta Gwyneth e Gwenora com ensinamentos religiosos, filosóficos e históricos.
Na época, a educação era restrita e ligada à fé, e os mestres transmitiam o conhecimento muitas vezes de forma oral ou por meio de pergaminhos copiados à mão. E isso é algo que se reflete na relação das meninas com os manuscritos de Nennius.
2 – Treinamento marcial como rito de honra em Rainhas da Guerra
Uma tradição marcante da era medieval era o treinamento dos jovens nobres para a guerra.
Em Cair Guent, as protagonistas são educadas desde a infância no uso da espada, lança e arco — práticas normalmente restritas aos homens.
Essa tradição de formação marcial, presente em castelos e fortalezas, ganha destaque especial na obra por incluir meninas. Isso é algo incomum até para os padrões daquela época. Assim surgem as chamadas “Evas da Arena” — precursoras das rainhas da guerra.
3 – Hierarquia social e laços de lealdade
Os pesonagens vivem em um sistema onde o dever para com a coroa e a terra está acima de qualquer deco da idade média. Além disso, é presente na obra a rígida estrutura social, baseada na nobreza, vassalagem e lealdade ao rei.
A família de Gwyneth é ligada diretamente ao rei Rhodri, o Grande, e os laços de sangue e fidelidade moldam todas as decisões políticas e militares.
4 – Papel simbólico dos cavalos e da caça em Rainhas da Guerra
Os cavalos eram essenciais na vida medieval, não só como meio de transporte e força militar, mas também como símbolo de status e conexão espiritual.
As guerreiras da história, principalmente Gwyneth, têm uma relação íntima com seus cavalos, quase como companheiros de alma.
Além disso, a caça — especialmente ao javali — é uma prática celebrada e ligada à identidade da cidade de Cair Guent, que adota esse animal como seu símbolo. Essa tradição ecoa a cultura celta e as práticas da nobreza europeia durante a Idade Média.
Sendo assim, a ambientação de Rainhas da Guerra vai além da simples estética medieval: ela se aprofunda nas tradições da Idade Média, retratando um mundo onde honra, fé, combate e simbolismo definem o destino de reis e guerreiras.
Ao incorporar essas tradições à narrativa, Orlando não só dá veracidade histórica à obra, mas também destaca a força e a transformação de personagens femininas em meio a um universo tradicionalmente masculino, sendo uma verdadeira homenagem às rainhas da guerra que ousaram desafiar a história.